Mogi das Cruzes - COVID 19

A segurança pública é apenas uma das raízes da violência, ao lado da desigualdade e da desestrutura social e pessoal, até da crise econômica. Fosse um problema simples, já estaria resolvido. Por isso mesmo valem algumas considerações sobre os dois primeiros encontros entre o comando das polícias Civil e Militar e os integrantes da Comissão Permanente de Segurança da Câmara Municipal, iniciados após episódios como os furtos e roubos na Avenida Capitão Manoel Rudge e condomínios de alto padrão.
No primeiro deles, o delegado seccional, Marcos Batalha, confirmou o déficit de delegados, técnicos e de médicos legistas, e os efeitos diretos no atendimento à população, que esperam três, quatro horas para registrar um boletim de ocorrência, e na subnotificação dos crimes.
No outro, num relato sobre o déficit de policiais militares e situação criminal de Mogi das Cruzes, o comando da Polícia Militar parece ter se inspirado na primeira frase da música famosa por ter Roberto Carlos como intérprete, mas escrita por Caetano Veloso: “Tudo em volta está deserto, tudo certo”.
Os comandantes apresentaram uma parte dos dados criminais, que mostram a redução de determinados índices em 2016, sem esmiuçar os demais anos, que intercalam altos e baixos percentuais, exatamente como está acontecendo nesse primeiro trimestre de 2017. Apenas em Mogi das Cruzes, cinco homicídios ocorreram em janeiro, nenhum em fevereiro e três estão na soma deste março ainda por terminar.
Estão em queda os registros de homicídios no Estado de São Paulo. Muito bom, porque o homicídio é o mais pavoroso dos crimes. Mas precisamos admitir que a violência e a sensação de insegurança cresceram e cresceram muito. Não tem pai e nem mãe que durma tranquilo enquanto o filho vai trabalhar ou colocar a gasolina no posto da esquina. Não tem comerciante ou trabalhador que abra ou feche um estabelecimento sem medo de topar com ladrões.
É caminho arriscado ponderar os dados de 2016, um ano muito próximo do período em que Mogi das Cruzes viveu dias extremamente violentos, com assassinatos e várias pessoas baleadas em execuções que fizeram dezenas de vítimas jovens em bairros periféricos. Ano passado, foram 7.23 homicídios para cada grupo de 100 mil habitantes contra 16.75 (2014), 12.17 (2015) e 9.43 (2013). Há uma oscilação entre outros tipos de crime.
Há outro dado que não pode de ser digerido como natural. Nem por nós, e, esperamos, nem por nossas autoridades. É grave a escalada do déficit policial que passou dos antigos 10% para 15%, enquanto a população regional e os bairros aumentaram absurdamente.
O desmonte das corporações com menos soldados, investigadores e delegados reduz a capacidade de atuação e de investigação policial. Que o diga quem precisa registrar um boletim de ocorrência no final de semana. Ou que liga para a Polícia para inibir uma arruaça perto de casa.
Claudio Yukio Miyake Vereador 2023 - Todos os direitos reservados